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A Associação Nacional das Farmácias vai reunir-se esta semana com os associados

A Associação Nacional das Farmácias vai reunir-se esta semana com os associados

A Associação Nacional das Farmácias vai reunir-se esta semana com os associados para explicar de que forma o adiamento da antecipação dos reembolsos das comparticipações às farmácias pode ser a solução para o setor. Na primeira reunião, na segunda-feira, em Vilamoura, a ANF assumiu que teria dinheiro para manter os pagamentos até dia 20, como acontecia até aqui. Não o quer fazer porque está em luta. A decisão de adiar, este mês, a antecipação dos reembolsos 20 dias, para 10 de Dezembro, significa atrasar a entrada em caixa de cerca de 50% da faturação das farmácias referente a Outubro e foi contestada por alguns associados, que condenam o facto de o assunto não ter sido discutido na reunião magna, apenas uns dias antes.

Entretanto, numa nova circular de 24 de Outubro, a ANF convocou os associados para novas reuniões: “Temos de intensificar a nossa luta contra as medidas que arbitrariamente nos foram impostas”, lê-se no documento enviado aos associados, a maioria das farmácias portuguesas. “A vossa participação nessas reuniões enriquece o debate e fortalece as nossas posições.”

Mas quem participou na reunião de segunda-feira adianta que a ordem de trabalhos não foi só informativa. Os farmacêuticos foram informados de que dia 19 haverá uma reunião deliberativa com os delegados regionais da ANF, que votarão se as farmácias aceitam a decisão da ANF, já que pagam à associação 1,5% da sua faturação para ter direito à antecipação das verbas. As reuniões regionais servem para esclarecimentos e para os associados votarem a posição a ser expressa pelos seus delegados na reunião final, na véspera do dia em que deveria chegar a tranche.

“A direção da ANF disse-nos que teria dinheiro para pagar no dia habitual, mas não o quer fazer como forma de pressão, pelo que apelou à solidariedade”, disse um participante na reunião de Vilamoura, a primeira num périplo da direção, que esta noite reunirá com os associados em Coimbra, amanhã no Porto e sexta-feira em Lisboa. O mesmo participante adiantou que o objetivo da ANF é forçar o governo a intervir junto do sector, obrigando a indústria a aceitar prazos de pagamento nos grossistas, que assim poderão dilatar também a cobrança de faturas para esse prazo, mantendo os descontos comerciais.

Atualmente, acima dos 60 dias de pagamento quase nenhum fornecedor oferece vantagens comerciais às farmácias, disse um farmacêutico ao i, explicando que esta decisão, além de poder interromper fornecimentos, penalizará sobretudo as farmácias que pagam a horas. “Os descontos permitem manter margens positivas e pagar salários”, disse. A indústria farmacêutica já disse que não tomará qualquer posição concertada sobre a dilatação de prazos de pagamento, dado que a lei da concorrência não o permite. Também o secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, esclareceu que a tutela não interfere no relacionamento particular entre operadores, desde que cumpram com as “exigências e missões que lhe estão atribuídas”, nomeadamente fornecer remédios à população.