Gigante grossista fecha em Montemor-o-Velho e despede 75 pessoas
Cooperativa nortenha, a operar na distribuição de medicamentos, alega perda de rentabilidade.
A Cofanor, uma das maiores distribuidoras de medicamentos a nível nacional, decidiu encerrar o armazém de Montemor-o-Velho, enviando para o desemprego 75 trabalhadores. A partir desta quinta-feira, a distribuição de medicamentos passará a ser feita apenas a partir da sede do Porto, e até ao final da semana o processo de despedimento coletivo deverá ficar concluído.
A notícia do encerramento chegou aos trabalhadores nesta segunda-feira e a justificação dada pela empresa grossista, que se pode ler na carta a que o Negócios teve acesso, aponta para as “alterações constantes e profundas, que se têm refletido de maneira especialmente grave na perda de rentabilidade das farmácias e da distribuição farmacêutica”. Alterações – redução das margens e quebra do preço dos medicamentos – com efeitos que a Cofanor “não conseguiu evitar”.
A direção, que assina a carta, justifica ainda que “a atividade do armazém de Montemor-o-Velho mantém-se fortemente deficitária, apesar de todos os esforços para modificar a situação” e, por isso, optou por “concentrar no armazém do Porto toda a distribuição”.
A informação já foi também enviada para as farmácias da região. Rita Trindade, diretora técnica da Farmácia Ângelo, recebeu a carta esta quarta-feira de manhã a informar que “a partir de amanhã [quinta-feira] só teremos uma entrega por dia, deixando de ter a entrega a meio do dia”. Rita Trindade diz que está cada vez mais complicada a gestão, recordando que há um ano fechou também em Coimbra um armazém da grossista Udifar.
Em Montemor-o-Velho, a empresa dava emprego direto a 40 pessoas e tinha mais 35 colaboradores, responsáveis pela distribuição de medicamentos pelas farmácias locais. Um dos funcionários, que quis manter o anonimato, disse que até ao final da semana o processo de despedimento coletivo deverá ficar fechado. O vice-presidente da Cofanor, contactado pelo Negócios, recusou prestar qualquer comentário.
Mas não foram apenas os trabalhadores a ser apanhados de surpresa. Também Luís Leal, presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, já endereçou uma carta à direção da Cofanor, pedindo esclarecimentos, e mostrou-se “altamente magoado pela forma insensível e eticamente incomportável de tratamento, sobretudo depois do que fizemos na tentativa de os apoiar”. Além do mais, estranha nunca ter sido “sensibilizado para qualquer situação de maior dificuldade”, insurgiu-se o autarca, ainda em declarações ao Negócios.
O armazém, integrado no Parque de Negócios do concelho, foi inaugurado em 2009, com um investimento de perto de cinco milhões de euros, e era um dos maiores e mais modernos do País. A empresa contou com o apoio da autarquia que, quando alienou os lotes, deu um incentivo de 43% do seu valor (124,2 mil euros).
Com cerca de 950 farmácias associadas e uma quota de mercado a rondar os 10%, a Cofanor faturou, em 2010, perto de 300 milhões de euros.