Faltam medicamentos nas farmácias porque dá mais lucro vender fora
Embalagens acabam mais caras em países como Angola e Moçambique. INFARMED está a investigar os distribuidores.
Actualmente muitos medicamentos estão em falta nas farmácias porque estão a ser exportados para países onde os mesmos podem ser vendidos mais caros. A estas vendas chama-se importações paralelas.
O INFARMED está a investigar a situação, no sentido de identificar e contra-ordenar os agentes que não cumpram as obrigações resultantes da lei – que são simples: garantir que nas farmácias exista um número mínimo de embalagens para responder às necessidades dos utentes.
A situação chegou ao ponto de as próprias farmácias, segundo o “i” apurou, estarem a contactar directamente as empresas para garantir medicamentos suficientes para satisfazer a procura.
A importação paralela permite que os organismos autorizados pelo INFARMED vendam os medicamentos facultados pela Indústria Farmacêutica nacional a países onde os mesmos medicamentos são mais caros. Fonte da APIFARMA explicou ao “i” que «frequentemente há diferença de preços entre os medicamentos comercializados em Portugal e noutros países da Europa, como a Dinamarca, a Alemanha, a Noruega ou o Reino Unido. A Indústria fornece os distribuidores de acordo com o pedido das farmácias, mas depois estes acabam por vendê-los para fora, em vez de os entregarem nos retalhistas».
A mesma fonte acrescenta que o regulador deveria ir ao terreno e ver as quantidades compradas e efectivamente vendidas de forma a poder identificar o número de embalagens que nunca chegam aos destinatários finais por serem vendidas noutros países. Angola e Moçambique são igualmente mercados de excelência para este negócio.
O INFARMED publicou um comunicado no site alertando que as farmácias precisam de ter em stock uma quantidade mínima de cada medicamento. «O INFARMED tem sido alertado por alguns utentes e farmácias, através do nosso centro de informação (Linha do Medicamento) para situações, por vezes pontuais e geograficamente localizadas, de ruptura de stock de alguns medicamentos», confirmou o instituto ao “i”.
Na lista de medicamentos em falta do instituto constam fármacos como a fluoxetina, um genérico do Prozac, que ainda não tem data para reposição. Entre os doentes sistematicamente penalizados estão os asmáticos, que têm dificuldade em encontrar as bombas que utilizam para a falta de ar, tendo muitas vezes de voltar ao médico de família para obterem uma nova receita para outra marca, pagando uma nova taxa moderadora.
«Acaba por ser muito vantajoso estar no circuito da importação paralela», disse a fonte da APIFARMA. «Os intermediários ganham muito mais do que a trabalhar no mercado nacional».
Na resposta ao “i”, o INFARMED diz que «está a monitorizar a situação e a aplicação da legislação (nomeadamente o Decreto-Lei 176/2006, de 30 de Agosto) que impõe responsabilidades aos titulares de autorização de introdução no mercado, aos distribuidores e às farmácias no que respeita à obrigatoriedade de manter o mercado nacional abastecido».
In NetFarma.pt